Paulo “PC” Crepaldi – No episódio de hoje, nós vamos bater um papo com o vice-presidente da unidade de negócios de obesidade da Novo Nordisk. Isso mesmo. Vocês aí conhecem muito bem essa unidade de negócios pelos produtos que revolucionaram o mercado como Victoza, Ozempic e tantos outros aí. Inclusive, em artigo na Forbes, eles citam que essa é uma indústria de US$ 50 bilhões na próxima década. Sandy Lourenço, seja bem-vindo ao Via oral.
Sandy Lourenço – Obrigado, PC. Obrigado a todo mundo que está escutando o Via Oral, cara. Um prazer enorme estar aqui com você. Sou um assíduo ouvinte. Eu escuto mais no Spotify, então vou dizer que sou um ouvinte do seu podcast e prazer enorme estar aqui com você. Paulo “PC” Crepaldi – Que legal. Eu fico muito honrado. Agora, Sandy que momento de se viver para a história da obesidade. Como é que tem sido isso para você? Eu tenho conversado com muitos médicos, cara, que divisor de águas que a gente está vivendo. Sandy Lourenço – Cara, eu acho que é exatamente. Eu acho que orgulho. Fico muito orgulhoso de estar num momento desse. É um momento de transformação de uma doença tão prevalente, uma doença... De todas as doenças que eu já trabalhei na indústria farmacêutica, nenhuma delas é tão prevalente com tanto impacto social e emocional em muitas pessoas e de saúde. E estar vivendo esse momento tão impactante, assim, estar no olho do furacão é legal e eu gosto. Você dizer que você está nesse momento. Paulo “PC” Crepaldi – Que legal. Agora, eu não sei se era tão esperado tudo isso. Capa da The Economist lá com o “Eat, inject, repeat”. Capa da The New York Times com Bon Appetit. Chamado de fármaco de Hollywood vira esquete do Jimmy Kimmel no Oscar. Está na boca dos consumidores dos famosos. UM produto que foi além do profissional de saúde. Cara, como é que tem sido equilibrar tudo isso, não é? Sandy Lourenço – Vamos lá que você tocou num ponto delicado. Porque aí você está misturando um pouco de Ozempic com obesidade. Então, a primeira coisa é que Ozempic não é um medicamento para obesidade. Ozempic é um medicamento para diabetes. A Novo Nordisk comercializa Ozempic, promocional Ozempic, posiciona Ozempic para diabetes e a Novo Nordisk tem um posicionamento absolutamente contra o uso off label da medicação. Então, isso é importante de deixar bem claro porque isso é uma confusão que se faz bastante de uma forma como... Por conta dessa exposição que aconteceu em relação ao produto e à empresa. Paulo “PC” Crepaldi – Por outro lado, acho que todo o contexto que você está falando tem a ver com segundo o uso das medicações para perda de peso. E aí, inclusive, do artigo, como ele foi abordado no Oscar e aí é outro problema porque isso vai totalmente contra a forma como a gente vê o uso dessas medicações com o objetivo de tratar a obesidade. Então, a gente vê a obesidade como uma doença crônica, multifatorial, progressiva, dificílima de tratar e essa abordagem por um approach cosmético do uso dessa medicação não ajuda em nada todo o trabalho que a gente tem feito aqui no Brasil e no mundo todo para mudar esse olhar em relação à obesidade, em relação a vê-la como uma doença, de como ela precisa ser tratada. Então, toda essa forma midiática que tem acontecido tem sido meio que um desserviço contra a forma como a Novo Nordisk e a sociedade médica vê como deve ser tratada a obesidade e como ela deve ser encarada. Então, a gente teve... Só vê mais obrigação de continuar no nosso trabalho de conscientização de como deve ser encarada a obesidade, como ser tratada obesidade. Paulo “PC” Crepaldi – Sandy, e queria entrar nesse tópico. Que bom que você colocou porque eu queria que você deixasse isso claro até para os nossos ouvintes. Você agora na última semana participou aí do evento de educação médica realizado pela Novo Nordisk sobre obesidade e diabetes e provavelmente vocês tocaram nesse assunto. Quais que são esses pontos negativos por a gente ter atingido esse status que foi além, como você está colocando, e está gerando toda essa confusão? O que vocês estão discutindo? O que está trazendo de malefício tudo isso? Sandy Lourenço – O que está trazendo de malefício é exatamente esse lado um pouco cosmético do uso da medicação. A gente entende que a medicação deve ser usada para o tratamento da obesidade. Então, no momento, por exemplo, o que a gente tem aprovado aqui na Novo Nordisk e comercializado para obesidade, a gente não tem ainda a Semaglutida para obesidade, a gente tem a Liraglutida, que é a marcada da Saxenda e todo o trabalho que a gente tem feito com o Saxenda, desde 2016 está conscientização de que, primeiro, obesidade é uma doença crônica, reconhecida pela OMS, reconhecida por grande parte da classe médica, multifatorial e difícil de tratar. Segundo, por trás dessa doença, falando mais que a doença. Falando do paciente. O paciente com obesidade tem vários estigmas por trás dele. Aquela coisa que o paciente é 100% culpado pela doença? Nem sempre. Aquela sensação de que ele é um preguiçoso porque ele não faz atividade física, de que existe um certo problema de caráter porque ele é um comilão que, na verdade, se engana comendo e falando que não está... Aquilo não é prejudicial... Isso é tudo um estigma que tem por trás da obesidade. E o trabalho que a gente tem feito junto com a classe médica, com os endocrinologistas, com a sociedade médica é exatamente esse de conscientização. Não é por menos que a gente tem há quase sete anos uma campanha de conscientização sobre obesidade que é o Saúde Não se Pesa. Então, esse é um trabalho já de longa data. Acho que agora está mais em evidência por conta de todo esse barulho na mídia que tem acontecido. Mas isso só reforça que a gente está no caminho certo e a gente tem que continuar fazendo esse trabalho tanto da educação médica como conscientização sobre como é importante e necessário tratar a obesidade. Paulo “PC” Crepaldi – Agora, olhando para essas aprovações. Por exemplo, o Saxenda, que é aprovado e aí tem aprovação para obesidade e os estudos que vocês estão trazendo para as outras moléculas também para se aprovar para a obesidade, você acha que é o fim da obesidade como a gente enxerga? A gente está próximo, clinicamente, de tratar a obesidade como doença crônica de uma maneira completamente diferente? A gente já está nesse rumo, por exemplo, com o Saxenda, de enxergar essa doença crônica de uma maneira completamente diferente? Sandy Lourenço – Não. Acho que não. Mas a gente já está muito melhor do que estava antes. Tratar obesidade não é simplesmente a medicação. Tratar a obesidade é composto de um tripé que é mudança de estilo de vida que inclui dieta e atividade física. E medicação sempre com orientação médica. Porque o que está acontecendo é que até 2016 você não tinha nenhuma medicação com efeito significativo de redução de peso de forma segura. Você podia ter algumas medicações que tinham um grande efeito na redução de peso, mas não era seguro como são as anfetaminas, por exemplo. A partir de 2016, com a entrada do Saxenda, da Liraglutida 3mg, você tem a primeira medicação que tem aí uma reeducação de até 9% de perda de peso corporal. É um começo, mas a obesidade requer muito mais... Tratamento muito mais que isso e você tem... Quando você fala do Saxenda, outro tratamento disponível até então, era a cirurgia bariátrica. Então, você tem um gap muito grande aí de um grupo de pacientes que precisa perder mais que 9% e um grupo que precisa perder assim acima de 20% ou 30% de massa corporal. Aliás, me corrigindo, a partir de 30% de massa corporal da cirurgia bariátrica. Então, você tinha esse grupo de pacientes que não estava sendo atingido. Então, quando você traz algumas medicações como Semaglutida, que é o que você falou no EGOV, que é o que a nova medicação que já está aprovada, mas ainda não está comercializada. Ela já sobe esse nível para 17%. Então, já tem uma grande parcela da população que vai se beneficiar com isso, uma redução de peso significativa. A gente sabe que a partir do momento quando você tem uma redução acima de 15% do peso corporal, você tem grandes benefícios do ponto de vista metabólico com diminuição de outros riscos atrelados a ele como doenças cardiovasculares de forma significativa, potencialmente reversão de diabetes tipo II. Mas, assim, para dizer que vai acabar com a obesidade é muita coisa. Mas acho que está no caminho certo. Acho que tem... Mas eu não consigo dizer: “Ah só porque você vai ter uma medicação mais potente, você acaba com uma doença”. A gente vê muitas outras doenças no mercado que, apesar de você ter medicações com grande potência, ainda é um desafio tratar porque tratar uma doença tão difícil como obesidade requer não só essa parte... Não é só a medicação que resolve. Paulo “PC” Crepaldi – Sim, mas quando eu olho, Sandy, aí opinião do PC aqui, eu vejo assim mexendo num ecossistema gigante. Para mim, na minha cabeça, eu já penso assim. Cara, a Herbalife deve estar superasssustada, todas as outras empresas que trabalham com essa categoria devem estar preocupadas porque realmente é uma mudança. Se você conversa com os profissionais de saúde, eu até estava vendo aí um dado, se você fala com os profissionais de saúde, eles falam: “Cara, é a cirurgia bariátrica não invasiva”. Eles estão citando... Na mente deles está isso. Você mesmo postou no seu Linkedin os dados de world obesity federation, 51% da população mundial terá obesidade e sobrepeso nos próximos 12 anos. Então, tem muito profissional de saúde que também fala: “O cara faz a cirurgia bariátrica, mas não consegue manter depois essa redução de peso”, ou seja, tem um ecossistema que para a gente ainda está cinzento que a gente está olhando que para mim eu me olho muito assim, será que eu sou a próxima Kodak nesse ecossistema?” E aí eu quero entender isso, como é que tem sido essa visão de vocês, o que você tem ouvido nesses eventos, o que você tem escutado do ecossistema em geral. Está realmente assim tudo cinzento? A gente não sabe ainda? Sandy Lourenço – Você falou que esse é um dado. Hoje a gente tem dados do Brasil. A gente tem aproximadamente 20% da população com obesidade, chegando quase 50% com pelo menos sobrepeso. Então, você tem uma prevalência absurda. Prevalência enorme. Acho que a doença, como eu falei, a doença mais prevalente que eu já trabalhei na minha carreira profissional e você tem uma mudança estrutural, uma ruptura porque até então você não tinha nada que tratasse e agora você começa a tratar... Você tinha cirurgia bariátrica, desculpa. Mas, assim, ela era muito invasiva para uma situação mais grave e agora você tem uma opção terapêutica menos invasiva que traz grandes benefícios. Como você falou. Às vezes, a cirurgia bariátrica o paciente tem um impacto na qualidade de vida dele. Então, é uma mudança estrutural. Como você falou, usando um termo aí bastante comum, é uma ruptura. Uma ruptura em relação a como é vista a obesidade, como é tratada a obesidade, mas o mais importante é que isso seja colocado do ponto de vista da saúde e não do ponto de vista cosmético da coisa. Não estou falando daquela pessoa quer perder cinco quilos para entrar num vestido ou como foi dito... Paulo “PC” Crepaldi – Vou casar semana que vem, tem uma festa daqui a dois meses, vou usar para ficar bonitão na festa. Sandy Lourenço – Não. Não é isso que a gente está falando. A gente está falando de pessoas que têm uma doença. Estamos falando de pessoas que têm IMCs acima de 30, com sobrepeso. Acima de 30 a gente classifica como obesidade, acima de 25 a gente classifica já como sobrepeso. E aí de novo o IMC é só um indicador, mas ele requer depois uma avaliação mais profunda por um médico, por um especialista. É desse grupo de pacientes que a gente está falando e a gente está trazendo algo que... Vamos dizer que a bariátrica era indicada inicialmente para pacientes acima de 35 de IMC. Então, hoje você está trazendo uma possibilidade para um grupo enorme que não tinha opção. A gente até ouvia muito... Você já deve ter ouvido. Ah, tenho uma paciente que estava com uma obesidade e ele engordou para chegar no IMC de 35 para ter indicação de bariátrica. Assim, existe esse discurso. Pode ter essa opção terapêutica. Então, acho que a gente está começando a dar opções terapêuticas para uma quantidade enorme de pacientes que antes estavam sem opção. Paulo “PC” Crepaldi – Por isso que eu acho que mexe no ecossistema até nesse caso, assim, por exemplo, o paciente quer engordar para entrar dentro do plano da operadora e a operadora poder fazer lá o copagamento para ele realizar a cirurgia. Aí eu acho que abre também uma visão para as operadoras de falar: “Será que eu tenho que fazer o copagamento, por exemplo, de uma medicação mais barata para mim, mais segura para o paciente, não envolve hospital”, ou seja, tem um ecossistema todo para mim aí que ainda está muito cinzento e que, cara, eu enxergo uma mudança gigantesca. E falando em mudança gigantesca, queria até perguntar isso que me chamou muito a atenção. Os meus ouvintes sabem, eu sou apaixonado por esporte americano. Um dia eu estava assistindo lá a NHL, de repente eu vejo lá aparecer nas placas em volta do estádio, está lá a propaganda da Semaglutida lá escancarado e colocando lá. Eu fiquei imaginando todo brasileiro que está assistindo isso, está ouvindo falar dos produtos, está ouvindo esse boom, está lendo que está na notícia, está ouvindo os tiktokers e instagramers, influencers falarem disso daí e vê uma propaganda dessa. Você não acha que está na hora de a gente começar também a informar o consumidor? Aí uma opinião pessoal mesmo. Eu sei que a legislação não permite, mas será que não está na hora de a gente mudar isso? Porque com o mundo globalizado fica muito difícil. A gente recebe a informação. Não é melhor receber a informação correta que nem você falou? Deixa eu te explicar para que serve. Não é para isso. Olha, tem um que, tem um fundamento por trás. Como é que tem sido? Vocês têm conseguido trabalhar via outras coisas tipo associação? Sandy Lourenço – Aí você tocou num tema bem delicado. Primeiro, essa coisa do acesso à informação e o mundo globalizado. Então, hoje você tem acesso... Como você falou, você assiste NHL, eu gosto muito de NFL, por exemplo. Você está exposto a uma realidade que não é nossa porque lá você pode ter a propaganda de medicamento e aqui não. Então, é uma situação bem delicada. Por outro lado, aqui no Brasil a gente tem a regulação, até feita pela Anvisa, a gente faz parte desse ecossistema como empresa, e a gente tem como conversar para melhorar, mas no final é uma definição da Anvisa. Mas eu acho que... Opinião pessoal minha. Aqui é uma discussão de educação e não promoção. Eu acho que a gente não está preparado para ir para uma discussão de ter, por exemplo, em mídia aberta, de uma forma explícita, promoção de medicamento de prescrição no Brasil porque eu acho que tem um lado educacional que precisa ser feito, ser olhado antes, que é olhar o quanto se você chegar com essa informação para uma pessoa leiga isso pode interferir no mal-uso. Hoje a gente sabe, por exemplo, que apesar de que a maioria das medicações no Brasil são tarja vermelha, você chega na farmácia e mesmo sem uma receita você consegue comprar. Imagina se você tem uma propaganda disso na televisão, o risco que você estaria aumentando de uma automedicação, sem o devido cuidado, sem a devida orientação médica. Então, é um tema bastante delicado. Eu acho que a gente tem que olhar isso com bastante cuidado... Eu acho que a gente não está preparado para trazer a realidade americana. E vamos lembrar. Os Estados Unidos é mais exceção do que a regra nessa situação. Então, se você pensar no mundo, de cabeça assim, eu não consigo pensar num outro país que tenha essa realidade de promoção de medicação de forma tão aberta como nos Estados Unidos. Eu não tenho conhecimento para dizer os benefícios e os malefícios disso na realidade americana, mas eu tendo a ser um pouquinho mais cuidadoso nisso porque a gente está lidando com saúde, as pessoas poderiam ter um uso indevido de medicações sem seguir a orientação médica. Eu acho que a gente tem que tomar um pouco de cuidado. Paulo “PC” Crepaldi – É, eu também... Eu sou contra a promoção, mas eu acho que se o cara vai receber informação e ele vai ver, que pelo menos receba informação de uma educação correta. Essa que eu acho que é a minha maior preocupação. Em vez de você deixar alguém formar a opinião dessa pessoa e ela fazer o uso indevido, pelo menos que tenha alguém corretamente informando e educação essa pessoa. Eu acho que esse é o nosso grande problema. Não estou falando aqui só na indústria, eu acho que tem tantas outras indústrias aí que estão sofrendo exatamente com isso, não é? Agora, futuro, Sandy. A gente está falando desse momento espetacular. Cara, tem um monte de coisa para chegar. Então, você estava falando. Tem já aprovação, EGOV vai chegar para comercializar e aí tem concorrentes, Tirzepatida surgindo. Vocês têm aí o estudo com a Cagrilintida. O que está sendo discutido? Como é que tem visto? O que é esse futuro nesse setor aí? Vai evoluir muito mais? Nós vamos ficar nessa classe? O que a gente pode esperar? Spoilers aí. vou focar um pouco na Novo Nordisk. Então, a Novo Nordisk é uma empresa de 100 anos. Não sei quanto as pessoas conhecem, empresa dinamarquesa e ela foi muito identificada com a diabetes que foi a primeira empresa as comercializar a insulina uma vez que ela conseguiu ser inventada de uma forma que ela pudesse ser administrativa exogenamente e também foi a primeira empresa a trabalhar o GLP-1 na forma da Liraglutida, que é o Saxenda hoje para obesidade. E de lá para cá, a Novo Nordisk tem investido bastante. Uma das missões da Novo Nordisk, das ambições da Novo Nordisk, ela fala que é uma empresa de saúde que tem como objetivo combater a obesidade a obesidade e outras 200 doenças crônicas. Seguiu investigando novas medicações nesse sentido. Então, realmente no nosso pipeline tem medicações bastante promissoras, mas elas ainda estão em fase 2, então a gente ainda não pode dizer que elas são... Que os resultados vão acontecer, precisam ser comprovados em fase 3, mas se eu falar especificamente voltando no próprio Wegovy, além dos estudos que já estão publicados, do step, a gente está com grandes expectativas de alguns estudos que estão em andamento. Por exemplo, estudo de segurança cardiovascular que deve ser completado e divulgado esse ano, está sendo em fase final. A gente tem talvez uma grande expectativa de qual pode ser o resultado desse estudo. Então, eu acho que o cenário para a obesidade, o tratamento para a obesidade é muito promissor de que a gente vai ter cada vez mais medicações mais eficazes, mais seguras e quem tem a se beneficiar com isso é o paciente. Paulo “PC” Crepaldi – Agora, esse tema está tão gostoso de discutir, Sandy, está tão assim em alta que a gente teve agora o ator que levou o Oscar tratou desse tema. Assim, para quem assistiu o filme A Baleia, é um filme impactante. Você assiste aquilo, assim, é agoniante você ver aquilo porque talvez muita gente não sabia que... Foi positivo? Você acha... Não sei, primeiro se você assistiu, mas você acha que ajudou a população? Você acha que está ajudando a população a entender isso? E eu tenho certeza que está todo mundo comentando desse filme com você, Sandy. Os médicos, deve estar todo mundo te perguntando: “E aí, Sandy, isso aí foi para a gente no mercado? Foi bom deixar claro para as pessoas o que realmente é?” Sandy Lourenço – É bom e é ruim. Ele é bom porque traz uma discussão sobre o tema de uma forma... Daí depende como você aborda porque o filme em si traz a realidade de uma pessoa. Ele não é só sobre obesidade. Ele também tem outras... Você viu... Não quero dar spoilers. Paulo “PC” Crepaldi – Relação pai e filho... Sandy Lourenço – Relação pai e filho, como ele lida com a perda do companheiro dele, tem o lado também sobre o preconceito com o homossexualismo, então o filme, na verdade, aborda bastante temas e acho que o nome traz um pouco dessa estigmatização porque era uma forma pejorativa que as pessoas se referiam às pessoas com obesidade no passado. Então, a palavra baleia. Então, o filme em si traz o tema para discussão. Ele põe o tema em evidência, mas ele também traz dados... Alguns problemas de estigmatização. Aquela coisa de atribuir eventualmente que só aquele paciente naquele grau de severidade da obesidade é um paciente que você precise... Paulo “PC” Crepaldi – Em risco. Sandy Lourenço – É. Colocar em risco. E não é. então, o risco da obesidade não está só no caso dele que visivelmente é um paciente de obesidade grau III. Então... Paulo “PC” Crepaldi – É isso que eu ia falar. Sandy, explica para o pessoal. No Brasil, o que é considerado obesidade. Porque, às vezes, quem está nos ouvindo está com essa discussão. O que a gente considera? Quando eu devo me preocupar? Sandy Lourenço – O que eu falei antes. A gente tem o índice de massa corpórea. O que é o índice de massa corpórea? É o peso divido pelo quadrado a nossa altura medido em centímetros. Paulo “PC” Crepaldi – Aquela fórmula que todo mundo sabe fazer. Sandy Lourenço – Exatamente. É o nosso peso dividido pelo quadrado da altura em metros. Então, eu tenho 1,7m. 1,72 é o denominador e o meu peso é o numerador, eu faço essa divisão. Se essa divisão der acima de 25, então você tem um indicador de que você está sobrepeso. De novo, esse é um indicador e aí você deve procurar um médico para fazer uma investigação mais profunda. Se você está com essa continha que eu falei, deu acima de 30 já é obesidade e aí tem os graus de obesidade. Obesidade I que é de 30 a 35, grau II de 35 a 40 e grau III acima de 40. Paulo “PC” Crepaldi – E bom dizer que o IMC não é só para obesidade. Você calcula a magreza também porque, às vezes, a pessoa fica focado só nisso, mas você tem o lado inverso também. Sandy Lourenço – Você tem o lado inverso de quando você tem um índice de magreza extrema que pode acontecer ou de desnutrição. Ele também é utilizado... De novo, ele é um indicador. Por que a gente fala que é um indicador? Porque existe também diferentes biótipos. Imagina aquela pessoa muito forte, muito musculosa, ela pode ter um IMC altíssimo, mas é puro músculo. Não é obesidade. Então, por isso aí que você precisa de uma avaliação metabólica feita por um médico para realmente avaliar se você com aquele IMC tem obesidade ou tem um sobrepeso ou tem eventualmente uma magreza estrema. Então, o IMC é um indicador que é o ponto de partida para você procurar um médico... Não só procurar um médico. Vai em você começar a investigar melhor se você precisa tomar alguns cuidados de saúde, alguma doença metabólica. Paulo “PC” Crepaldi – Até porque tem que também diferenciar por faixa etária também, não é? Porque todo mundo fica com isso. Ah eu já sei a fórmula, já sei calcular, mas criança é uma coisa, no idoso você tem uma... então, assim, tem que tomar, tem que ter essa atenção. Sandy Lourenço – Essa continha que eu falei é importante... Bom ponto porque ela é válida para adultos. Fala adultos... Não estou encontrando uma palavra melhor para dizer assim não idoso. Então, realmente não sei uma palavra. Então, é para uma faixa etária específica. Para criança é uma conta mais complexa, realmente é muito complexo para eu explicar aqui, aí é importante uma avaliação com o pediatra e no idoso também é diferente. É importante uma avaliação principalmente com médico da família, um geriatra, um cardiologista que, às vezes, muitas pessoas fazem acompanhamento com cardiologista, ele pode fazer esse acompanhamento de uma maneira mais cuidadosa que são grupos que a gente chama especiais. Paulo “PC” Crepaldi – Perfeito. Agora vamos tocar na questão corporativa. Você estava falando um pouquinho da Novo Nordisk, uma empresa dinamarquesa, superconhecida pelo lado de ciência, trazer inovação no mercado, como que é? Me fala um pouquinho da cultura da Novo Nordisk, como que ela é, como que é ser um gestor dentro de uma cultura dinamarquesa. Sandy Lourenço – A Novo Nordisk é uma empresa dinamarquesa que está completando esse ano 100 anos de história, que é uma história brilhante com tudo que ela tem. Ela tem um histórico muito identificado com a diabetes, mas ela medicações para hemofilia, para deficiência de crescimento, para obesidade. Então, é uma empresa... Uma das maiores empresas globais de saúde muito identificada historicamente com a diabetes, mas vai muito além da diabetes. A Novo Nordisk está no Brasil há 30 anos, pouco mais de 30 anos. A gente tem um escritório aqui em São Paulo, a gente tem uma fábrica em Montes Claros e um centro de distribuição no Paraná. A fábrica de Montes Claros é um grande orgulho para a gente porque ela é o maior produtor de insulinas da América Latina e ela exporta para mais de 50 países. Não sei exatamente o número agora porque esse número, às vezes, vai [ininteligível] (00:29:13), mas é para mais de 50 países. E ela é responsável por mais de um quarto de toda a exportação de medicamentos feita pelo Brasil. Então, o grande orgulho é que a gente produz medicamento, não só as insulinas, basicamente insulinas, aliás, essencialmente insulinas para o Brasil e para o mundo. E interessante falar também que a fábrica de Montes Claros produz uma grande parcela das insulinas disponibilizadas no SUS aqui no Brasil. Então todas as insulinas humanas disponibilizadas no SUS na caneta são feitas em Montes Claros. Então, a gente fala que é do Brasil para o Brasil, para os brasileiros. Isso é um dado diferenciado entre as multinacionais. Você ter uma fábrica no Brasil primeiro exportando e de uma forma tão significativa. Eu já fui lá duas vezes e vou falar para você. A gente vai lá e é um orgulho ver como é feito. Assim, o nível de tecnologia, de industrialização no mercado de saúde assim de tão alto nível aqui no Brasil e saber que eu trabalho nessa mesma empresa. É muito inspirador. Paulo “PC” Crepaldi – Imagino. Agora, você eu reparei, é um executivo que a gente chama de um executivo influenciador. Você usa muito Linkedin para advogar sobre diabetes, sobre obesidade, você traz assuntos sobre liderança, você tem feito muito esse papel. Eu acho muito interessante e eu tenho questionado. Eu quero saber assim por que as pessoas têm feito isso. Porque o Sandy enxergou o Linkedin como essa ferramenta. Por que você tem utilizado ele? Sandy Lourenço – Ótima pergunta. Eu acho que as redes sociais permitiram que você possa influenciar pessoas de uma forma mais... Ou comunicar aquilo que você gostaria de comunicar de uma forma mais ampla. E desde que eu comecei a trabalhar com obesidade, como eu te falei assim, nunca trabalhei com uma doença tão... Primeiro, prevalente, com tantos elementos complexos da parte de toda discussão... dessa dificuldade de identificar que ela é uma doença e não é só uma discussão de estética, de toda essa discussão em relação ao paciente, desestigmatizar o paciente como ele é 100% culpado pela doença, que ele é um problema de preguiça, caráter, comilão, essas coisas assim que precisa desestigmatizado e também pela necessidade, pela quantidade de pessoas que precisam ser beneficiadas, discutir um pouco assim com a gente consegue melhorar a disponibilidade de medicações para tratar a obesidade no Brasil principalmente. E eu observei que essa minha vontade de trazer essa pauta tem mais a ver com o Linkedin e também acho... Vivendo na minha posição que é uma posição de liderança aqui na empresa, também gosto de trazer esses tópicos sobre como eu acho que deva ser a liderança, sobre o tipo de liderança que me inspira, o tipo de líder que eu quero ser, que eu gostaria de ser ou que eu admiro os líderes, o que eu observo de qualidade nos líderes que já me lideraram ou que atualmente me lideram. E recentemente eu estive num workshop e me falaram uma coisa que eu achei muito legal. Assim, na comunicação não existe vácuo. Não existe vácuo. O espaço vai ser ocupado. Então, eu falei: “Cara, eu quero ocupar esse espaço de uma maneira que eu possa contribuir” e eu acho que esse é um desses temas que eu acho que posso contribuir e eu preferi utilizar o Linkedin como esse meio, não outras redes sociais. Acho que ele é mais adequado para esse tipo de pauta que eu quero fazer. Paulo “PC” Crepaldi – E você recomenda, quando, por exemplo, seus colegas executivos falam: “Pô, Sandy, você acha que eu devo também fazer” ... Você recomenda, você acha que as pessoas têm que ir lá, têm que ter esse papel de influenciador, principalmente quem está em cargo de gestão? O que você tem recomendado para os seus amigos quando eles te perguntam: “Pô, Sandy, eu vejo lá, mas não tenho essa coragem. Devo fazer, não devo? Você acha que é para todo mundo ou não é para todo mundo?” Sandy Lourenço – Cara, para quem gosta. Para quem quer. Eu acho que não é obrigatório fazer. É muito individual. Eu acho que se você não se sente à vontade, acho que vai ser uma obrigação que você não quer ter é para quem... É muito para quem gosta de fazer, não é uma obrigatoriedade, acho que não tem que ser uma coisa... Eu também não faço isso porque eu quero ser um influenciador. Eu quero me expressar. É uma forma de eu me expressar além do que a minha voz consegue alcançar na conversa individual. Então, acho que encontrei esse canal. Qual você acha que é a maior dificuldade hoje da empresa ou como gestor em aplicar transformação digital hoje? Você acha que é... Tirando a regulamentação que a gente sabe que é uma barreira, mas onde você acha que está a maior dificuldade hoje? É medo de mexer no que está ganhando? O que você acha? Onde você acha que está maior dificuldade? Sandy Lourenço – Está em dois fatores para mim. Na própria indústria exatamente pelo que você falou. Em time que se ganha não se mexe. E segundo, no stakeholder. Hoje o principal stakeholder que é... Tem dois, vai. É o médico, o prescritor que a gente fala, o médico, profissional de saúde que faz a prescrição médica e o pagador. Não é o caso do Brasil. É o caso do Brasil sim, que são os planos de saúde. Às vezes, o próprio governo. Esses dois stakeholders eu preciso... A indústria se relaciona com eles de uma forma de proporcionar para o médico conteúdo, educação médica mostrando com dados científicos que cada medicação tem sua aplicabilidade, é a mais segura, eficaz para os pacientes e para o pagador a mesma coisa, mas pelo ponto de vista de custo/benefício, de impacto em saúde pública, como é o caso do governo e tudo mais. E esses dois stakeholders principalmente o médico e o governo principalmente, os planos de saúde também, posso dizer assim, eles ainda requerem muito dessa relação de forma presencial, não de forma digital. Então, você tem um interesse’ que vai dos dois lados. A indústria não muito ávida por isso e o principal stakeholder do outro lado também não demandando para que isso seja dessa forma. Eu acho que os planos de saúde estão um pouquinho mais avançados. A gente pode discutir que... Existe uma discussão geracional aí dos médicos que cada vez mais estão demandando por meio digital essa relação, mas é uma proporção muito pequena, muito menor do que hoje prefere e demanda que isso ocorra de forma tradicional. Se for te falar do ponto de vista empresarial, para as empresas é muito melhor, como eu, do lado da indústria, do lado digital eu teria todo o interesse em fazer. Teria todo o interesse em fazer. Migrar para o lado digital porque para o lado digital você mede melhor. Você consegue medir tudo que você faz de forma digital. Você tem forma de fazer. E quando é na forma não digital, sem ser... Forma de relação tradicional é mais difícil você realmente medir o que funciona e o que não funciona. Mas para mim a grande barreira, como você falou, além da regulação, estão nesses dois pontos. A indústria é uma indústria conservadora, a indústria farmacêutica e você tem os stakeholders não demandando por essa forma de relação. Paulo “PC” Crepaldi – Quantos anos como executivo da indústria farmacêutica, Sandy, você está? Sandy Lourenço – Aí depende do que você definir como executivo. Paulo “PC” Crepaldi – Na tua carreira na indústria farmacêutica? Sandy Lourenço – A minha carreira tenho 24 anos de indústria farmacêutica. Eu tenho muito orgulho de falar de todas as empresas pelas quais eu passei. Acho que são... Comecei como estagiário na Roche, passei por grandes empresas, AstraZeneca, Lilly e agora na Novo Nordisk. Então, acho que eu gosto... Eu valorizo os 24 anos. Acho que desde estagiário até a posição que eu estou é importante. Então, não sei se a parte como executivo é tão relevante. Paulo “PC” Crepaldi – 24 anos, Sandy. Me conta aí. Projeto que você considera mais inovador que você já participou. Nesses 24 anos você deve ter participado em vários projetos, mas qual é aquele que você falou: “Pô, esse projeto me pegou assim, foi uma coisa que eu nunca tinha trabalhado antes”? Eu estou falando isso porque você estava comentando da indústria farmacêutica ser lenta, mas, por exemplo, a Novo Nordisk, vocês rapidamente trouxeram alguém que eu já entrevistei aqui no Via Oral, que é o Joost... Sandy Lourenço – Fui eu que contratei. Paulo “PC” Crepaldi – Trouxeram fora do mercado. Um cara da Accenture, com uma visão completamente diferente, uma visão de consultoria... Sandy Lourenço – Exato. Paulo “PC” Crepaldi – Uma pegada completamente diferente para levar para um cargo de TI e de olho no digital. Então, assim, por isso que eu estou te perguntando. Projeto inovador, Sandy, que você participou que você fala: “Caramba, eu já participei desse projeto, achei superinovador por isso”. Sandy Lourenço – Projeto inovador tem alguns. Poso te falar dois? Um que tem a ver com digital e outro que não? Paulo “PC” Crepaldi – Pode. Sandy Lourenço – Antes, só um parêntese. O Joost, quando entrou aqui na Novo Nordisk, ele reportava para mim, a gente contratou ele como gerente de inovação. A gente tinha acabado de criar essa posição exatamente com essa ideia. A gente falou assim: “Cara, a gente precisa”... Paulo “PC” Crepaldi – E foi o quê? Ou foi no começo da pandemia ou foi alguma coisa assim. Eu me lembro, não era? Foi aténs... Sandy Lourenço – Foi final de 2019. Ele pegou aquela primeira fase de se situar na empresa e de repente veio a pandemia. Mas foi bom porque ele mesmo fala. Ele fala assim: “Me possibilitou trazer coisas para a Novo Nordisk que demorariam dois anos, aquela fase básica, que a gente teve que fazer em dois meses”, não é? Mas voltando aos projetos, vou começar por um que não é digital. Assim, foi um dos mais interessantes na minha carreira. Foi um... Eu criei um modelo de desconto, de precificação de um produto, eu era gerente de produto na época, para o paciente com base na classe social do paciente. Então, o paciente tinha uma classe social desprovida, maior desconto que ele tinha. Então, isso era totalmente disruptivo porque, na época, achava-se que isso era proibido. Foi disruptivo porque isso transformou a história do produto. Ou seja, um produto que a partir dessa... Ele tinha uma grande barreira de preço em relação aos competidores e a partir dessa mudança, o produto saiu de uma demanda... Ele multiplicou a demanda por quatro em dois anos. Então, foi realmente... Para mim foi interessante principalmente por isso que eu te falei de mudar essa cultura. Primeira reação é: Não pode. Estão fazendo uma discriminação. Eu falei assim: “Tá bom. Seguro também faz discriminação”. Seguro não faz aquele questionário? Então, qual a diferença? Daí foi aí que começou essa discussão e deu supercerto na época. Depois a empresa descontinuou esse modelo por outras razões, caiu a patente do produto e tudo mais. Mas foi extremamente inovador para a época. E de digital, eu não fui exatamente o idealizador, mas eu fui parte dele que foi exatamente na pandemia, quando a gente... Aqui na Novo Nordisk a gente tinha uma resistência muito grande à interação de fazer Webnários, de fazer aulas, relacionamento com médico com eventos digitais, eventos através de internet. Só que na pandemia isso não era opcional. E aí a gente teve que implementar de uma maneira muito rápida. Eu não era diretor de unidade de negócio. Eu era diretor de excelência comercial na época, que é a posição que eu falei que eu era quando contratei o Yusti. E a gente muito rapidamente conseguiu desenvolver um modelo para fazer essa interação e a gente foi talvez um dos pioneiros ao conseguir fazer isso em qualidade e em escala muito grande. Tanto que a gente tinha muitas outras empresas usando a Novo Nordisk como benchmarking na época. Esse projeto eu fui parte dele, mas era um time enorme que estava envolvido. Todo o time de marketing, de IT, o próprio Joost, mas foi... O ponto não é o quão inovador ele foi, mas quão rápido a gente conseguiu implementar. Saindo de inovação, eu quero ir direto para falhas. É impossível. Se a gente toma decisão, a gente falha, Sandy. Queria que você contasse isso. Quais... Conta um erro, uma falha que te ensinou muito na tua vida como profissional. Sandy Lourenço – Para mim, a maior... Foi um erro e errar faz parte do aprendizado. E um erro de carreira. Para mim, foi a decisão de sair da Roche. Quando eu saí da Roche. Foi uma decisão de sair da indústria, na verdade. Eu saí da Roche para sair da indústria farmacêutica e o erro foi... Onde está o aprendizado? Eu vivi o sonho... Tentei viver o sonho dos outros. Eu era muito feliz na Roche. Eu acho uma empresa fantástica, mas eu vivi muito aquela ilusão de que a indústria farmacêutica era muito engessada, para você... Eu trabalhava no planejamento estratégico, que era muito limitado pela regulação, pelo modelo de negócio e tudo mais. Muito de ouvir os outros falar. Ouvir os outros falarem para mim. Que, na verdade, não era a minha necessidade, o meu sonho. Eu gosto de ciência e eu gosto de negócios e eu gosto de ajudar as pessoas, de trabalhar com pessoas. E acho que a indústria farmacêutica combina exatamente essas quatro coisas. E eu já sabia disso. Tanto que em um parágrafo aqui, na dúvida se eu fazia administração ou se eu fazia... Na faculdade, na hora de fazer o vestibular, fiquei na dúvida se eu fazia biologia ou administração. Biologia porque eu adoro ciência, adoro genética. Então, pensava em fazer biologia para talvez trabalhar com engenharia genética, toda essa parte de DNA. Buem na época que eu estava entrando na faculdade, estava tendo o boom daquela coisa de mapeamento de DNA e tudo mais. E eu gosto de negócios. Sempre adorei negócios. E aí na fila do vestibular da Fuvest, eu peguei o formulário, nas costas do meu amigo que estava na minha frente e escrevi administração. Mas por sorte eu caí num mercado que eu consigo conciliar as duas coisas. E de tanto ouvir outras pessoas falarem em relação a isso, eu falava: “Não, eu quero trabalhar no mercado de consumo, eu quero trabalhar ou no mercado financeiro e tal e decidi sair da Roche. Quebrei a cara. Acho que foi um alinhamento dos astros, não deu certo e rapidamente me deu à luz que: “Cara, por que eu saí?” Daí eu decidi que eu ia voltar para a indústria farmacêutica. Era meu plano A. Claro que tinha plano B porque eu cheguei a ficar desempregado. Não dava para ficar desempregado, mas eu priorizava sempre vagas da indústria farmacêutica e graças a uma indicação de alguém que me conhecia da Roche que estava na AstraZeneca me indicou para uma vaga na AstraZeneca, aí eu retomei minha carreira na indústria farmacêutica. Então, o meu grande aprendizado tem a ver com carreira. Um erro de decisão. Eu acho que eu tomei influenciado por outros, sem realmente olhar para o que eu gostava e eu acabei depois tudo que aprender e voltar atrás. Paulo “PC” Crepaldi – Sim. Sandy, quem é novo, começou agora na indústria farmacêutica, está escutando essa história, o que você quer dizer para eles com isso? Quem está agora começando e borbulhando tudo isso. Fico, aposto na minha carreira aqui, não aposto, o que você tem para contar com essa lição aí? Sandy Lourenço – Cara, a primeira delas é que tem que se identificar. Tem que se identificar com o que faz e com o mercado. Então, essa ideia de que você trabalha com saúde, medicamento é importante para a saúde, a indústria farmacêutica é vulcanizada em relação a isso. Todo mundo tem uma... Quem é de fora da indústria farmacêutica tem essa imagem, mas quem está dentro da indústria farmacêutica sabe que a gente lida com saúde, a gente proporciona saúde para as pessoas, então tem que gostar desse mercado. Paulo “PC” Crepaldi – Isso acontece direto comigo. Não sei com você, Sandy. Quando as pessoas perguntam: “Com que você trabalha?” Cara, eu atendo a indústria farmacêutica. Você tem coragem? Muita gente me pergunta isso porque tem essa visão mesmo dessa linha tênue aí que corre. Sandy Lourenço – É. A gente é muito vilanizado porque as pessoas têm a imagem que a gente se beneficiar da doença das pessoas e que a gente quer ganhar dinheiro com a doença das pessoas. A pergunta que eu faço é... Eu gosto de usar esse exemplo porque ele é bem recente. A gente saiu da pandemia graças à indústria farmacêutica. O que proporcionou a vacina para a gente sair da pandemia foi a indústria farmacêutica. E é esse modelo de negócio que permitiu isso porque qual governo que desenvolveu a vacina? Nenhum. Então, você precisa realmente. A indústria existe e é necessária como modelo de negócios que a gente pode... Pode ser aprimorado, a gente pode discutir se pode ser aprimorado ou não, mas ela gera, proporciona saúde. E para quem está começando, acho que tem que olhar assim. Tem que se identificar, tem que gostar, tem que saber que vai lidar com esse ambiente, tem momentos que é gratificante, tem momentos que é muito duro. Paulo “PC” Crepaldi – Show. Sandy, nessa temporada a gente tem feito perguntas diferentes para conhecer pessoalmente, tirar o Sandy da zona de conforto dele e a primeira pergunta que a gente tem feito é qual foi a última vez que você fez uma coisa pela primeira vez? Sandy Lourenço – Cara, pior que tem a ver com saúde. Recentemente pela primeira vez eu fiz uma acupuntura. Estou com um problema no ombro direito, estou tratando já faz cinco meses aí, uma lesão que eu tenho e recentemente fui orientado a fazer acupuntura. Nunca tinha feito. Fiz pela primeira vez recentemente. Paulo “PC” Crepaldi – Conta para as pessoas como é que foi essa experiência para quem também nunca fez, não conhece. Sandy Lourenço – Cara, foi... Primeiro que eu achei que ia doer, não doeu. Então, não senti nenhuma das agulhas que foram colocadas. E foi até relaxante, tanto que eu dormi. Paulo “PC” Crepaldi – Que legal. Spotfy. Se eu abrir teu Spotfy agora, Sandy, qual foi o último conteúdo que você ouviu? O que tem lá? O que as pessoas podem saber? O que o Sandy gosta? Sandy Lourenço – Bem, depende. Tem duas coisas. Tem podcast e música. Vou falar primeiro de podcast. Eu gosto de... Eu me informo através de jornal e podcast basicamente. Eu leio dois jornais por dia e eu escuto muito podcast. Até um que eu escutei, por exemplo, hoje foi Panorama CBN, o edição da manhã, Estadão Notícias, análise dos fatos com Felipe Moura Brasil, que é um jornalista que eu gosto muito. Porque eu gosto muito de me informar. Então, leio dois jornais por dia, escuto podcast. Então, escuto podcast de notícias. Além de notícias, os temáticos. Escuto o Via Oral, é um dos que está na minha lista, como falei no começo. Tem o SD Conecta que é sobre, também, saúde digital. Então, tem muito a ver com notícia e temas que estão relacionados ao meu dia a dia principalmente profissional e que eu gosto. Que eu gosto. Paulo “PC” Crepaldi – Sim. Sandy Lourenço – De música? Cara... Paulo “PC” Crepaldi – Música. Sandy Lourenço – Vai ter dois tipos de música. Pop seja nacional ou internacional e samba. Adoro samba. Paulo “PC” Crepaldi – Tipo o quê? Dá um exemplo. Pop o quê? Sandy Lourenço – Pop. Vai ter Coldplay, Dualipa. De nacional vai ter Jota Quest, Skank. Mais antiga com... Não sou um cara tão jovem, então... Dualipa é recente, vai. Então, que mais. Eu gosto de rock também. Mas assim gosto de escutar, gosto de escutar bastante pop. Eu tenho uma playlist bem ampla de pop e samba. Eu sou aficionado por samba. Adoro samba. Paulo “PC” Crepaldi – Mas samba o quê? Samba enredo ou samba, samba mesmo? Sandy Lourenço – Samba. Samba. Fundo de Quintal, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho. Paulo “PC” Crepaldi – Sei. Você toca? Sandy Lourenço – Não. Não me arrisco. Só se tiver num ambiente, às vezes, se eu bebi umas duas ou três cervejas a mais aí eventualmente eu me risco, mas indevidamente. Sandy Lourenço – Obrigado pela oportunidade. Admiro e continuo admirando o podcast. Espero ter contribuído de alguma forma e de novo admiro. Parabéns a você pelo seu trabalho. Acho que um baita trabalho aí de informação e continue seu trabalho e conte comigo no que precisar. Paulo “PC” Crepaldi – É isso aí, gente. Então, esse foi mais um episódio do Via Oral e eu fui.
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HostEnamorado pelo comportamento humano, emoções e uma boa cerveja IPA, Behavior Designer por natureza, mais de 10 anos atuando na Indústria Farmacêutica. Categorias
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